segunda-feira, 23 de agosto de 2010

São uns morcões!

É um partido com história.
Com nomes que passaram e nomes que ficam.
Nobres e virtuosos uns, só virtuosos outros, estes superiores aos demais, porque a nobreza herda-se e a virtude adquire-se, e a virtude por si só vale o que não vale o sangue.
Quem foi mais conciliador do que Mário Soares? Quem foi mais discreto que António Macedo? Quem foi mais sagaz que Salgado Zenha? Quem foi mais ponderado que Jorge Sampaio? Quem foi mais intrépido que Almeida Santos? Quem foi mais humilhado que Ferro Rodrigues? Quem foi mais acutilado que José Sócrates? Mais interventivo que Acácio Barreiros? Mais comprometido que Veiga Simão? Mais irresponsável que Vítor Constâncio? Mais arrojado que Palma Inácio? Mais descarado que Armando Vara? Mais atrevido que Narciso Miranda? Mais galhardo que José Seguro? Mais combativo que Manuel Alegre?
Foi com estes (e muitos outros) que o partido nasceu, cresceu e se multiplicou.
Um denominador comum: todos eles se julgam (ou foram por muitos julgados) luz e glória da política portuguesa. É pois um partido servido por múltiplas ideias, pluralista, democrático e tolerante. Chama-se Partido Socialista, PS para os amigos. Mas, Socialista é que não é!
O paradoxo demonstra-se do seguinte teor: se ser-se socialista é também saber-se respeitar opiniões divergentes, lutar-se para se fazer vingar este preceito também o é. Quando uma manada decide expulsar das fileiras um punhado de militantes que pensa – e age – por cabeça própria coloca-se a seguinte questão?
Quem é menos socialista? Os que ditatorialmente expulsam, ou os que pacificamente aceitam a expulsão?
Se houve notificações, notas de culpa e outras trapalhadas justiceiras, porque não reagiram em força os visados? Então não faz parte da matriz socialista o combate à injustiça, à arbitrariedade, à exclusão?
Se havia – e havia-as comprovadamente – razões para desalinhar da linha oficial do partido, porque não justificar vivamente a posição assumida, partindo depois para o contra ataque denunciando, clara e objectivamente, as razões do descrédito da política que combatiam.
Então a Câmara “socialista” não seguia uma política de despesismo, ostentação, riqueza e intolerância, a que urgia pôr termo? Não eram estas (e muitas outras de igual sentido) as razões do apoio a uma candidatura que prometia (que prometia – atenção) “retomar o rumo” perdido?
O quê? Cessaram as causas que lhe deram efeito? Porventura saíram do poder os responsáveis políticos pelo “levantamento” daquela centena de militantes? Mudaram as coisas de tal maneira, que, o que dantes era intolerável passou depois a aceitável? O que fizeram estes candidatos…à expulsão? Ameaçados, encolheram-se. Apontados, arrependeram-se. Identificados, esconderam-se. Acusados, defenderam-se?
Bacoreja-me que nem isso! E nem sequer serve de consolo esta verdade: a virtude em grau eminente é perseguida.
Porque, lá voltamos ao início: de que lado está a virtude?
Uns e outros suinamente satisfeitos com o tamanho das suas pias?
Os do poder sim! Agora, os outros!...

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