Não se pode dizer que o seu futuro político, apesar da mudança, caríssimo Guilherme Aguiar seja negro, porque de certa forma é luminoso, mas é um mau futuro.
O senhor é uma figura conhecida em todo o país – e não só pela malta da bola - apesar de Gaia estar longe dos palcos onde se desenrolam as convenções básicas da política, daquelas em que Lisboa é mestra, o Terreiro do Paço é doutorado e qualquer ministro é Reitor!
Não espanta pois, que um amigo meu, que mora a Sul, e só o conhece da bola, pela televisão – tal como eu, aliás, que moro a Norte - mal o viu ganhar na secretaria o que perdeu no terreno, atirou a contar:
- «Não achas estranho que o Aguiar fique com o pelouro do Desporto, tendo ele concorrido pelo PSD?»
- «Não é por ser do PSD» – respondi – «é porque o homem é um pina moura de trabalho.» E rimo-nos ambos do dito. E prosseguiu:
«Não vês que ele procurou a mudança apenas para se conservar no poder?
Sabes que as espécies, mesmo segundo os darwinistas, apenas mudam para se conservarem. Ou seja, o que determina a mudança – seja do camaleão, seja a da crisálida em borboleta, seja a da Zita Seabra ser mais à direita, seja a do Mário Soares ser mais à esquerda – é a conservação das espécies. Claro que já entendeste que isto é um paradoxo.
A gente muda porque quer conservar!
Este Guilherme mudou para Matosinhos porque quer conservar-se no poder.
Não vale a pena disfarçar, meu caro: no fundo, no fundo, ninguém quer mudar se estiver bem. Citando uma velha máxima atribuída ao almirante Henrique Tenreiro, segundo a qual “mais vale ter saúde e ser rico, do que ser pobre e doente”, ninguém rico, bonito e saudável deseja uma mudança. Da mesma forma que ninguém feio, pobre e doente quer ficar na mesma. A questão da mudança depende pois do ponto de partida.»
Claro que esta mudança não pode ser comparada à daqueles políticos que vão para empresas com as quais tinham feito contratos enquanto ministros. Trata-se dum esquema muito em voga, cujos contornos a Justiça persiste em ignorar e que, com leves variantes, funciona assim:
A empresa A precisa de convencer o Estado a colocá-la no consórcio B, de forma a financiar-se para o projecto C, o qual serve, aliás, de alavancagem para iniciar a obra D, ganhar a obra E, e concluir a obra F.
Ora, se a empresa A conseguir integrar nos seus quadros um antigo ministro, tem a coisa facilitada, deixemo-nos cá de coisas!
Tenho para mim, que o seu propósito de mudança não encaixa neste exemplo.
O amigo Guilherme vem para cá com o objectivo de nos ajudar, porque acha – e muito bem – que Matosinhos merece melhor!
Melhor do que ele próprio? Bem, a isso é que não sei responder!
Mas esta era a mensagem de fundo; e 15. 084 eleitores acreditaram!
Avance, pois, ó Aguiar; tem o nosso respeito
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
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Fantástico, uma vez mais.
ResponderEliminarVale a pena ler estas crónicas dum humor fino, vivo e acutilante como raramente se encontra na imprensa portuguesa. Parabéns, Heitor Ramos.
Continue, porque brilha neste meio medíocre em que vive a imprensa de Matosinhos.
Sim senhor, fico satisfeito com tamanha lucidez e objectividade, mas,sobretudo pela ironia.
Caro Heitor.
ResponderEliminarO tempo é o único capital das pessoas que têm como fortuna apenas a sua inteligência...
Será que a pessoa em questão gastará mal o seu tempo e será o primeiro a queixar-se da sua brevidade.
A vêr vamos, mas algo me diz que a passagem será breve.
Saudações Marítimas
José Modesto
Vozes & Letras:
ResponderEliminarPedro Vinha da Costa: Unir o partido e torná-lo respeitado perante os Matosinhenses.
Rosário Lóio: Não vejo qualquer razão para que ele (vereador) não me apoie como qualquer militante....
afinal fica tudo na mesma!!!
Concelhia do PSD a votos Sábado:
ResponderEliminarQual dos dois: Vinha da Costa ou Rosário Lóio?
Enquanto um defende que "fazer Oposição responsavél não implica assumir pelouros".
A adversária advoga que "os militantes devem respeitar os acordos pós-eleitorais com ou sem consentimento da CPC" ...
Fonte: Jornal de Matosinhos.
Saudações Marítimas
José Modesto