“Porque vês tu, pois o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão?: deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás como hás-de tirar o argueiro do olho do teu irmão”.
(Mateus, VII: 3-5)
A coisa até passava despercebida. Era mais uma entrevista publicada num jornal de referência (o Público, no caso). A Associação porém atenta, resolveu alertar os sócios para o interesse dum “artigo” de Narciso no Público. E vai-se a ver e, o “artigo” anunciado era uma simples entrevista…
E porquê? Ora, porque Narciso Miranda acabava de fazer uma descoberta: “O PS tem um chefe, não um líder”. E concluía em jeito de pitonisa: “o PS corre o risco de passar dez anos na oposição”.
Exactamente o que Narciso foi quando podia ser líder: um chefe. Ainda por cima, um chefe que ignorou os avisos dos seus mais sagazes pares, insistindo cegamente na denúncia do despesismo (que o havia), dos gastos sumptuosos (que os há), da arrogância (que prevalece), da ostentação (que não abranda).
E o que fez o líder, perdão o chefe Narciso para atingir o objectivo partilhado por muitos matosinhenses? Como líder – que, na circunstância o não foi - teria fundamentadas e sensatas razões para as opções tomadas na fase terminal da campanha, para o beco sem saída em que se metia.
E se tais razões não eram claras competia-lhe - como líder - explicá-las. Não o fez!
Um chefe não precisa disso – terá pensado. Um chefe determina e manda publicar, à boa maneira militar.
Foi o que Narciso fez! Não conseguiu convencer, nem seguidores nem eleitores. O colapso eleitoral – uma verdadeira hecatombe – aí está para dissipar quaisquer dúvidas. O argumento da trapalhada das escutas a nível nacional é um argumento de mau perdedor.
Quanto ao “chefe” Sócrates, alapado no lugar de primeiro ministro, alapa-se igualmente no lugar de líder, e coordenador de toda a Comissão Permanente do PS, de modo a jamais largar o que é dele. Está visto que qualquer socialista que se atravesse no seu caminho acaba a pedir a Nosso Senhor Jesus Cristo que lhe evite maus pensamentos e acções. E se o pede a Nosso Senhor é porque um encontro com ele transforma um ateu num crente: não no socialismo, mas na necessidade de não o ser, ou pelo menos de não o parecer.
Mas se virmos as coisas pelo lado positivo, a acumulação tem ainda a vantagem da poupança. Em vez de pagarmos um primeiro ministro e um líder do PS, pagamos um só. Podemos convidar os dois pelo preço de um almoço. Nesse sentido, creio que poderia ainda acumular mais: dava um excelente Procurador Geral da República, um excelente Presidente do Supremo, e ainda do Tribunal Constitucional, tudo concentrado.
Ocorre-me também que dava – em acumulação já se vê – um magnífico líder do PSD e, nem sei mesmo se um óptimo seleccionador nacional, pois tal como o Queirós também ele, há pouco tempo, via tudo cor de rosa.
Além do mais, se acumulasse também o PSD, não havia problemas com necessários acordos de regime.
Porque, mal os deixamos – pum! – um escândalo; se abrandamos a vigilância – pau! – uma conspiração; se não os enquadramos devidamente – pás! – uma intervenção do Estado onde não deve; e em casos de laxismo – zás! – uma revolução ou, até, o que é pior, uma nacionalização.
Será que Narciso alguma vez pensou nisto?
sexta-feira, 9 de julho de 2010
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