A praia de Matosinhos, aquela que corre ali ao fundo da Circunvalação, tem garrafas, embalagens, plásticos e lixo sortido a substituir os velhos e riscados toldos: aquele toldo construído sobre duas estacas enterradas na areia e a elas preso por cordas que lhe permitem a inclinação desejada à altura do Sol e que nos protegia do astro-rei, portador de mais doenças de pele do que uma semana num bairro pobre de Kinshasa.
O toldo de lista azul e branca, de lista verde e branca, de lista vermelha e branca, de lista amarela e branca foi desalojado.
Em seu lugar, naquele extenso areal que a Natureza nos oferece, o lixo e o desleixo assentam arraiais.
Ali, meus senhores, as barracas da praia morreram.
Aquelas alinhadas em três ou quatro filas, a cerca de quinze metros do limite da maré-cheia, listradas em cores precisas e alugadas ao dia, à semana, ao mês ou à época deram os seus lugares aos despojos que o mar rejeita, e os responsáveis pelos serviços de limpeza ignoram.
E com as barracas foi-se o colorido da paisagem e as férias na praia para muitas famílias. Dantes, família que se prezasse – muito antes do povo acorrer às praias – tinha aluguer de barraca e toldo pelas semanas em que se espraiava.
Nem todas as barracas se foram, vá lá! Alguns bares construídos sob “projecto” importado dos bairros de lata lá continuam austeros e – será pudor? – encerrados a horas de praia. Eles lá sabem porquê…
Bem sei que o Senhor Presidente da República sugeriu há dias que os portugueses “ajustassem os seus planos de férias” para o Algarve.
Mas, não é a mesma coisa!
Por lá, no que toca a barracas ou toldos, só se vêem aquelas palhotas, tipo chapéu de palha entrelaçado que vagamente rememora as latitudes selvagens do Caribe ou de uma África em vias de desenvolvimento.
Mas, esta mudança – permitir que se tenha transformado em lixeira uma praia que tinha condições naturais para brilhar – reflecte com inteira nitidez o conceito de progresso adoptado pelos detentores do poder cá na terra.
Eis a prometida “mudança”: tínhamos praia; já não temos!
Outras “revoluções” poderão seguir-se. Feitas pelos pequenos “revolucionários” que nos calharam em sorte.
Porque, se uma revolução é uma grande mudança, um adepto da mudança será forçosamente um pequeno revolucionário!
Por agora, no alinhamento, está a passividade do principal responsável autárquico face à ameaça das inaceitáveis portagens.
Contestá-las?
- Isso é que era bom! Podia dar para não repetir a corrida ao tacho!
domingo, 6 de junho de 2010
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NOTA POSITIVA.
ResponderEliminarA orla marítima em Leça da Palmeira, bem como o novo passadiço está visivelmente bem feito.
Parabéns pela reconversão.
Saudações Marítimas
José Modesto
PERGUNTA.
ResponderEliminarCaro Presidente da CMM, sabendo que dispõe o registo de mais de 380 colectividades que
perpassam os mais variados quadrantes da nossa sociedade, de carácter recreativo, culturais
juvenis, infantis, de solidariedade Social etc. etc. etc. e dispondo a nossa cidade do nosso
espaço o Constantino Nery, porque será que ainda não vimos nenhuma peça teatral (matosinhense)
ser realizada nesse mesmo espaço?
Porque se recorre sistematicamente a grupos fora da nossa cidade, asfixiando assim as respectivas
Colectividades teatrais do nosso Concelho.
Saudações Marítimas
José Modesto