segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Carta aberta ao chefe local do PS

Desculpa não te tratar pelo nome, mas nem sei como te chamas.
Podes não acreditar, mas nunca vi uma fotografia tua - o que nesta era digital diz muito da tua pouca importância política.
Deixa-me contar-te um caso semelhante, que vivi há uns tempos.
Pretendia escrever, para um jornal da capital uma crónica a visar uma figura que despontava na cena política nacional: o ministro Mário Lino.
Como nunca o vira - e o estilo a imprimir impunha que o tivesse visto – quis saber com quem era o Lino parecido.
«Olha, é um tipo com cara de Brejnev de trazer por casa…».
Ainda pensei que Sócrates podia, pelo menos, ter escolhido para ministro um soviético com uma cara menos feia, vá lá o Andropov ou assim. Mas, não! Era mesmo o Lino, no início duma fulgurante carreira de ministro.
Para conhecer a tua fisionomia procurei, também, quem te conhecesse, mas não encontrei quem estivesse disposto a gastar contigo um segundo que fosse.
Se posso, mesmo assim, ir directo ao assunto? Posso, e é a mesma coisa.
Consta que no PS não consegues reunir consenso para concretizar a monda que te encomendaram. Nem consenso no partido, nem apoio fora dele!
Se fosses perspicaz, tinhas mandado às malvas os tipos que te encomendaram aquelas inúteis notificações aos militantes socialistas. E nem nisto mostraste competência, já que o principal alvo da tua sanha persecutória – Narciso Miranda – nem sequer foi notificado!
Se fosses inteligente tinhas percebido logo, que estavas perante uma evidência tautológica. (Se não souberes o que é uma tautologia, podes continuar a ler isto, mas dou-te uma ajuda: consiste em dizer o mesmo de forma diferente).
Vem o Sócrates e diz que o PS é democrático e tolerante. O que é verdade.
Vêm os teus notificados e dizem que o PS é antidemocrático e intolerante. O que é verdade.
Vens tu e os teus notificadores, e dizem que os independentes moveram forte afronta ao partido. O que é verdade.
Vêm os independentes, e dizem que só divergiram e não afrontaram o partido. O que é verdade.
Vêm os teus dirigentes, e dizem que o PS é de esquerda. O que é verdade.
Vêm os dirigentes do BE e do PCP, e dizem que o PS é de direita. O que é verdade.
Eis a evidência tautológica: se um diz a verdade, e está em contradição com o outro, o outro não pode estar também a dizer a verdade.
Exactamente como não entendeste!
Se pensas que, com essa das expulsões, Narciso e seus pares andam de cabeça baixa, estás enganado. Trazem-na bem levantada (a cabeça, claro). Resta-te recolher as notificações que enviaste, ajoelhar e pedir ao Senhor que te ilumine no futuro…se entretanto não te destituírem! Digo-te mais: se conseguires sair disto sem queimar as barbas, resolves a quadratura do círculo - coisa que nem o doutor Pacheco Pereira conseguiu.
Aceita o cumprimento dum cidadão não envolvido (até agora) em negociatas e cambalachos. Nem em escutas!

2 comentários:

  1. Um socialista notificado24/11/09 11:49

    Gosto da forma com são ditas estas verdades.
    Toda a gente sabe que o PS quer aproveitar a onda para realizar a limpeza que lhes permita dirigir sem oposição.

    ResponderEliminar
  2. Este texto e seu comentário, mais parece uma parodia NACIONAL, então vocês queriam tramar o partido? Não diz os estatutos que um militante que se candidate por uma outra lista que não seja a do seu próprio partido tem que ser espulso? Não foi o Sr. NM que há uns anos atrás expulsou miltantes de Custóias poe estes se terem pertencido a uma candidatura independente?
    Pois bem, terão agora estes senhores o que merecem...
    Um bem haja...

    ResponderEliminar