segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Crónica de recurso. Felizmente, há blogues…

Era do Mar de Matosinhos que António Nobre falava quando, no seu livro “Despedidas” escrevia:
“Saí um dia a Barra à procura de Glória, entre soluços e orações, cuja memória me faz tremer. Foi por uma tarde de Outono. Que linda: mar espreguiçava-se com sono.
Por essa Barra saem cheios de pecados bandidos com seus crimes e mais os degredados; traidores à Pátria e ao Rei, infelizes e ladrões, por lá saiu também uma noite Camões…”.


O Ar de Mar inspirava o poeta do Só, “Na Praia lá da Boa Nova…”
E os poetas “”não estivessem do meu lado, então não havia fado…”
Nem cronistas como eu!

“Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada”.
(Maiakovski, poeta Russo)

“Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso.
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo”.
(Bertold Brecht (1898-1956).


”Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...”
(Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas).

Só cessarão estas e outras injustiças quando combatermos as perseguições logo que elas se iniciem.
Vejam lá se há disto em Matosinhos…

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