segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Coração ao largo

Aconteceu no ano nove, do mês dez, ao dia onze. Quase doze pontos percentuais de diferença. É muito ponto junto!
Foi a pique, no Mar de Matosinhos a nau que carregava a candidatura da esperança matosinhense. Ninguém se salvou!
Tripulação e passageiros sucumbiram ao naufrágio que algumas nuvens traduzidas nas últimas sondagens conhecidas prenunciavam. E, nem foi uma grande tormenta que a tragou. Não foi um golpe de mar, nem um navio pirata, nem um rebocador que lhe surgisse por trás duma esquina.
Também não foi um acontecimento inesperado, não foi nenhum facto, nenhum acto, nenhuma acção, concreta e definida, a ditar o colapso.
Terá sido antes, o corolário lógico, duma silenciosa política de afastamento de cidadãos sérios e responsáveis, dum persistente lume brando que os foi aquecendo primeiro, assando a seguir e (quase) queimando depois.
Todas as portas se fecharam a um projecto em que muitos de nós acreditamos.
Algo de muito mal correu para que o povo tenha virado as costas a um projecto que visava para Matosinhos a recuperação do rumo de progresso, credibilidade e desenvolvimento perdidos durante os últimos quatro anos.
Algo de muito mal correu para que os matosinhenses, informados do descalabro das contas municipais, lhes tenham, mesmo assim, com o seu voto, dado a indesejada continuidade.
Algo de muito mal correu, para que avisadas das intenções de prosseguimento duma política manifestamente desalinhada dos interesses da comunidade, as pessoas tenham decidido avalizar esse “projecto”.
Algo de muito mal correu, para que nem na mais remota freguesia tenhamos ganho!
E o discurso de capitulação de Narciso a sugerir a manutenção da rota, sem quebras, nem desvios, tolerado à luz da emoção, não pode ser entendido à luz da razão.
Porque, essa atitude, essa postura, essa avaliação configura, na prática, a ideia de que foi o povo o responsável por derrota eleitoral de tal magnitude.
E, todavia o povo deu mostras claras de estar com Narciso. De o apoiar. De o desejar.
Quem acompanhou as acções de rua, quem sentiu a extraordinária adesão popular, quem ouviu cidadãos das mais variadas classes sociais e escalões etários, não pode esconder surpresa e inquietação, incredulidade e frustração, amargura e desolação.
E estes sentimentos não se apagam com a promessa de que “vamos prosseguir”.
Ou antes, prosseguir sim, mas com que rumo? Com aquele, cujos efeitos agora conhecemos?
Fala-nos de experiência política, de experiência de gestão e disto ninguém divida. Um senão, porém.
É que, a experiência – é dos livros - ensina-nos a cometer novos erros em vez de repetirmos os antigos. E, nesta altura uma análise fria, ponderada, serena e honesta talvez demonstre isso mesmo: foram repetidos erros antigos!

1 comentário:

  1. Ainda recentemente escrevI ROSTOS:
    ROSTOS

    Espalhados por toda a cidade o rosto identifica a pessoa, o rosto identifica o candidato.
    A movimentação eleitoral toda ela rola e sempre através do Candidato á referida câmara.
    Não deveria ser assim, então os candidatos ás referidas juntas o que é que andam a fazer?
    Ande estão os seus rostos? A sua captação de eleitorado? A captação das suas gentes?

    Em toda esta acção de campanha que decorre assisti a factos surpreendentes e que me questionam:
    O que é que os candidatos as juntas de freguesia andam a fazer?
    Então os trabalhos de casa, ninguém os faz?

    Normalmente em áreas de referência, o Café do Sr. A, a Tabacaria do Sr. B, o Restaurante do Sr. C eles esperam ansiosamente
    a vinda dos Maestros que muitas das vezes com horas de atraso chegam para compor a banda.

    Mas será que ainda ninguém se lembrou que a captação de votos se faz com ou sem o Maestro?
    Os bons trabalhadores têm sempre a ideia de que ainda podem trabalhar mais, é com este espírito que se ganham votos, se ganha
    eleitorado, por outro lado sabemos que pela forma como se trabalha se pode avaliar o referido candidato.

    Esta minha constatação vai ao encontro de opiniões que colhi nos últimos dias, será que na nossa cidade os Maestros que compõe a banda
    tocam sozinhos? e os outros esperam somente pelo acenar da batuta?

    Vá lá a lógica só amedronta os lógicos….

    Saudações Marítimas
    José Modesto

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