Expulsar os “independentes”, aqueles que, nas autárquicas se opuseram à orientação do partido, é uma medida que – razões legais à parte – jamais obterá consenso.
Não estou habilitado a defender ou a contestar a decisão que, sob o ponto de vista de interesse partidário, venha a prevalecer.
Do ponto de vista do interesse político nacional, a expulsão de um dos mais firmes pilares do partido e da democracia – como Narciso Miranda o é - constituiriam tremendo erro.
Nesta matéria – e matéria legal à parte, repito - ninguém pode arrogar-se detentor da verdade absoluta.
Pode esgrimir-se argumentos mais ou menos convincentes, capazes de assegurar o triunfo de uma opinião, e só de uma opinião. Defender-se o verosímil ou o provável. Ter-se uma opinião mais ou menos provável.
Não há, a este respeito, uma verdade unívoca, indispensável, segura.
O PS não é um partido ideológico.
Serve-se da ideologia como suporte de propaganda, ciente de que ser ou declarar-se de esquerda é, por estes dias em Portugal, um produto de aceitação garantida para uma faixa relevante do “mercado”.
Certo é que os ajustes de contas no seio do PS não surpreendem ninguém.
Os envolvidos pressentiam-nos. Os de fora adivinhavam-nos.
Pragmatismo, e é tudo.
Se houvesse dúvidas – e não havia – a última proposta que Sócrates dirigiu a todos os partidos parlamentares para deixarem de ser oposição e passarem a ser governo, ou, pelo menos para fazerem parte da maioria dissipava-as.
O que importa a Sócrates, de momento, é uma maioria tranquilizadora que lhe permita levar o governo até ao fim da legislatura. Por isso é que, tanto faria uma coligação do PS com o BE, do PS com o PCP, do PS com o PSD ou do PSD com o CDS!
Este tipo de postura não é novo. Já Soares, noutros tempos governou em coligação com o CDS de cujos dirigentes tinha dito o que Maomé nunca dissera do toucinho!
O PS é essencialmente um partido pragmatista, e Sócrates brilha no PS porque é um excepcional intérprete dessa atitude política. Só faz sentido o que é útil para si ou para os seus interesses. Visa, em cada decisão tomada efeitos práticos, sejam eles imediatos ou a prazo!
Não concretizou nenhuma expulsão antes das autárquicas, porque pressentia efeitos negativos da decisão.
Verdade é que Sócrates ganhou nas legislativas e, não perdeu nas autárquicas.
Com outra atitude, com outra postura, com outra estratégia tê-las-ia ganho ou não.
Por isso, sentença definitiva, quem a proferiu, não convenceu – persuadiu!
Não demonstrou – argumentou!
terça-feira, 27 de outubro de 2009
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