quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Uma história financeira

Por esta altura são vários os jornais e revistas que nos trazem comoventes histórias de Natal. Nada de extraordinário. A não ser a revelação de talentos adormecidos durante o resto do ano.
Algumas são verdadeiramente originais; outras, nem por isso.
Como esta que me foi remetida por e-mail. Não pode ser catalogada como “história de Natal” . Nem como “carta de amor”. Nem como original.
É muito antiga, mas adapta-se perfeitamente aos nossos dias. E constitui até uma lição que o respectivo ministro pode - salvaguardadas as proporções devidas - aplicar à desesperada economia que, sem qualquer vislumbre de recuperação vai gerindo, atascando-nos cada vez mais.
É assim:
“Numa pequena vila e estância na costa sul de França, chove, e nada de especial acontece. A crise sente-se. Toda a gente carregada de dívidas; toda a gente deve a toda a gente.
Subitamente, um rico turista russo chega à recepção do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca sobre o balcão uma nota de €100. Recebe a chave e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram. Com uma condição: a de desistir, caso o aposento lhe não agrade.
O dono do hotel pega na nota e corre ao fornecedor da carne a quem deve €100; o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar €100 que lhe devia há algum tempo; este por sua vez corre ao criador de gado que lhe vendera a carne; o criador de gado corre logo a entregar os €100 a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito; agora é esta que logo que recebe os €100 corre ao hotel a cujo dono devia €100 pela utilização casual de quartos à hora, para atender clientes.
Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada. Decide desistir e pede a devolução dos €100. Recebe o dinheiro e sai.
Termina aqui – por agora – o círculo.
Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido para nenhuma das partes envolvidas. Contudo – acrescenta a história - todos liquidaram as suas dívidas. E estes elementos daquela pequena vila costeira encaram agora com optimismo o futuro”.
Ora aqui está uma fórmula que – com licença dos ilustres economistas do governo – conduziria o país em 2010 a um déficit e a uma dívida pública iguais a zero.
Creio que, em Portugal – e não sei se este é um bom ou um mau sinal – as coisas não correriam bem assim. Pelo menos, para o turista russo.
Então porquê ? – pergunta-se.
Imagine-se que os sucessivos liquidadores da dívida em vez de irem a correr com o dinheiro na mão (como agora não se usa) iam antes depositar a verba, via multibanco, (como agora se usa) na conta do respectivo credor.
Como só no “dia seguinte” o dinheiro ficaria disponível, imagine-se o turista russo calmamente à espera que terminasse o ciclo!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Inatacáveis, diz Narciso!

A equipa é muito jovem: tem de vida uns três ou quatro meses. Se a experiência resulta do tempo de actividade e, sendo curto este tempo, então esta equipa é inexperiente.
Mas, segundo o seu criador, funciona na perfeição: uma verdadeira esquadrilha, preparada para os mais duros embates municipais. Eles vão a todas. Se o assunto é a Saúde, fazem o diagnóstico e apontam a solução; tratando-se das antigas promessas eleitorais de Sócrates naquela trapalhada das Scutes e portagens, lá estão para rebatê-las. Mas, se o problema for o IMI? Pois lá estão eles, atentos e vigilantes, a batalhar pela sua redução.
Agora – perguntar-se-á – e naquela “insignificância” dos 17 milhões de dívidas com perdões indevidos, qual tem sido o papel dos “eleitos”? –
- Fazem o que podem. E acredita-se que o melhor na conjuntura actual. Vou mais longe: nenhuma equipa seria capaz de melhor desempenho.
Mas – objectar-me-ão – então e a Deloitte, a Cepsa, os 17 milhões?
Pois, pois, mas “tirar a presa ao leão é difícil nesta selva”.
Tudo isto não passaria de mero funcionamento normal das instituições num sistema em que a decisão da maioria prevalece, quantas vezes ao arrepio do verdadeiro interesse das populações que servem. Ou deviam servir…
Decisões que, num regime democrático, por mais sensatas, equilibradas e justas que pareçam – ou o sejam, na verdade – não estão isentas de críticas, reparos e observações. Acontece que, a acção política dos “nossos independentes” – e vá lá saber-se porquê - não deve ser avaliada, e muito menos criticada. Antes, deve ser aceite, aplaudida e até reconhecida. Por outras palavras: devíamos, em vez de criticar a forma como a exercem, agradecer-lhes o sacrifício que por nós fazem. São horas que, podendo ser de ócio ou de actividade profissional, são empregues na melhoria do nosso bem-estar. É Narciso quem o afirma. E acrescenta que existe o direito à crítica, mas, quem critica não tem razão! Assim, a modos como “quem desdenha quer comprar”!
Está pois dado o mote para uma nova forma de encarar a crítica.
Se, por hipótese – hipótese remota, assinale-se - Narciso criticasse o presidente da Câmara é porque queria ser ele, Narciso, o Presidente.
E quando um escriba manifesta estranheza por uma ou outra escolha é porque queria ter sido ele, escriba, o escolhido.
E – é caso para perguntar – quando alguns elementos da oposição e, até o próprio Presidente da República criticam o empenho que o Governo – numa altura em que muitas outras preocupações justificariam prioridade e empenho - colocam na questão dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo é porque aspiram a um casamento destes?
Que os “eleitos” sejam capazes, combativos e determinados, nada a objectar. “Presunção e água benta, cada um toma a que quer”.
Mas, outra tolerância na avaliação das críticas – legítimas, há que dizê-lo – não ficaria mal a ninguém. O tal “bom senso” de que nos falava há dias Almeida Santos: “toda agente precisa de bom senso, inclusive o Presidente da República”. E se recordarmos que o nosso distante e ilustre filósofo René Descartes dizia que o bom senso é a qualidade mais bem distribuída do mundo, pois jamais ouvira alguém reclamar para si maior dose dele do que lhe havia cabido em sorte, estamos conversados. E justificados.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ironia, sátira, crítica, censura ou “cartas de amor”?

“Julgando o dever cumprir,
sem descer no meu critério,
digo verdades a rir
aos que me mentem a sério.”
Agora esta:
“Os meus versos que têm eles
que façam mal a alguém?
Só se fazem mal àqueles
a quem possam ficar bem.”
Claro que já conhecem estas quadras. Exactamente! São de António Aleixo.
É verdade que foram escritas há muito, mas não passam de moda.
“Quem não tem cão, caça com gato” – diz o povo.
E quem não tem talento para censurar ou satirizar em verso – e quer expor publicamente os costumes, os ridículos e os defeitos públicos – recorre à prosa, chegando, por esta via, às “Cartas Abertas”, a que alguns prestigiados leitores chamam – imagine-se - “cartas de amor”. Nem mais!
É a fórmula alternativa para a exposição de vícios e hipocrisias, a denúncia de erros, incompetências, incoerências e ludíbrios. Servem tais “cartas” para apontar o mal, a suspeita fundada, o engano e o dolo, para abanar o cidadão anestesiado e manipulado, mostrar-lhe as batotas que jogam com ele, as sandices com que o encantam e exploram, os logros a que continuamente o sujeitam. Por outras palavras: denunciar a nudez do Rei, que mil e uma habilidades e traficâncias disfarçam de vestimenta!
Parada alta, sem dúvida, já que se exige o humor na ponta dos dedos (nas teclas, para ser exacto) porque o deleite de uns pode ser a indiferença de outros e o aborrecimento dos restantes.
Censurar deleitosamente, é voo de trapezista sem rede, pois também o escriba vive embaraçado nos próprios erros, vícios e enganos. Tal como os outros reis, disfarça a sua nudez com véus de falsa isenção e meia sabedoria.
As “Cartas Abertas” – é altura de o esclarecer - não reivindicam qualquer quinhão na literatura humorística, mas acusam-lhe a paternidade e orgulham-se dela.
Usam o riso com liberalidade e diversidade: por puro gozo ou desenfado, por intenção informatória e denunciante, por escape de verrumina e quezilência.
É difícil e complicado operar neste meio. Não chegam a intenção e o engenho (se o há q.b.) para que a sátira salte, para que a “carta” excite ou incentive.
Podia até – exagerando - chamar corrupto a qualquer um, menos ao honesto.
Não poderia – ou não deveria - era promover a inocente um culpado, nem a inteligente a cavalgadura ou a modesto o pavão.
A sátira, a crítica jocosa, a ironia, seja em artigos de opinião, seja nas famigeradas “cartas” não prescinde da verdade, como alimento e essência. Exagera-a, para deleitar!
Mas, comedidamente. Porque, em pretendendo-se ridicularizar a prepotência sem o enquadramento e o tempero devidos - e sem “qualquer coisa de verdade” como, noutra quadra, nos fala o Aleixo - o benefício pode sair ao prepotente! E quem sai ridicularizado é o escriba…
Como acontece muitas vezes, aliás!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Carta da menina pobre ao presidente rico

Foi por uma manhã fria de Novembro. Sentava-me à mesa da confeitaria quando uma vozita de criança surgiu: «senhor, compra pensos para as feridas». E depois: «senhor, uma moeda para comprar pão».
- «Eu compro – disse-lhe». E ela: «senhor, pede para pôr manteiga no pão». Pedi pão com manteiga e leite, e convidei-a sentar-se à minha mesa. A menina tomou o leite, mas guardou o pão na sacola que trazia. «O pão é para o meu irmãozito que está em casa com fome».
De repente, lembrei-me de a ter visto há muito tempo. Sempre junto aos semáforos, olhos pretos muito vivos e pele morena teria uns sete, oito anos. Saltitava com os pensos rápidos na mão, quando “pintava” o vermelho. Os carros partiam, e a menina baixava os olhos tristes. Um dia dei-lhe uma moeda de dois euros. Quis entregar-me os pensos e o troco. Que ficasse com as duas coisas – disse-lhe. Recebi em troca o mais luminoso sorriso de toda a minha vida.
Que agora já sabe ler e escrever - confidenciou-me. E já tinha escrito uma carta ao presidente, mas não tinha portador. «Dá-me a carta que eu levo-a». - «O senhor é carteiro?» - «Tenho alguma apetência para a função» – respondi-lhe, estribado no diagnóstico que há dias me fez o amigo Queirós.
E lá tirou a menina da sacola uma folha A4, dobrada em quatro: era a carta.
Traslado-a sem lhe tirar, nem acrescentar uma vírgula.
«Chamo-me Raquel tenho 11 anos vivo em Matosinhos e escrevi o ano passado uma carta ao senhor presidente escrevi-a tão devagarinho para a letra ficar bonita reli-a tantas vezes para não cometer erros se algum escapou peço desculpa mas não pude ir a todas as aulas porque tinha de cuidar dos meus 3 irmãozitos, o Xico com 5 aninhos o Adão com 3 e a Juca com 2 o meu pai estava na cadeia a minha mãe desempregada e a minha irmã mais velha a Vanessa com 18 anos só chegava a casa ao ser dia dizia que andava a vender o corpo isso eu não percebia porque ela chegava a casa com o corpo todo. Porque não me respondeu o senhor presidente não sei pergunto se recebeu a minha carta porque não a leu e se a leu porque não respondeu eu só pedia uma roupinha para cobrir o Xico que anda a tremer de frio umas sapatilhas para o Adão e uma tigela com desenhos de flores para a Juca comer a sopa que eu lhe faço com água e aparas de carne que me dá o senhor Antero do talho quando os cães se atrasam que as aparas são para quem chega primeiro e às vezes são os cães e para mim queria só uns chinelos para trocar por estes que já foram botas.
O senhor Antero que é um homem muito rico e gordo às vezes também me dá uma moeda para eu ir comprar chocolate para mim para o Xico para o Adão e para a Juca quando quer ficar sozinho com a minha mãe na rulote onde moramos desde que fomos despejados e diz para entrarmos só quando a rulote parar de baloiçar e nós ficamos cá fora os quatro até que a rulote pare de baloiçar então já podemos entrar só não entendo como podem eles gostar mais de baloiçar a rulote do que de chocolate.
Se desta vez a carta chegar ao senhor presidente peço-lhe que se lembre também dos outros meninos e dos seus pais e avós aqui do bairro que não têm emprego nem reforma que se veja e também passam fome e desejo muita saúde para si e para os seus amigos ricos».

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Carta aberta aos eleitos independentes

Confesso que tive alguma dificuldade em aceitar a existência de “eleitos” neste reino.
“Eleitos” – supunha - eram os bons, os predestinados, que hão-de sentar-se à direita de Deus Pai - segundo a Bíblia - que não identifica os que vão sentar-se à esquerda; e não serão os maus, os corruptos, que vão esturricar, metidos pelo maligno num caldeirão de azeite a ferver, quem sabe se fornecido pelos supermercados da Sonae…
A custo, lá me fui habituando à ideia de que, afinal, também entre nós há “eleitos”. Eleitos por um chefe, que viu donaires e encantos onde, em boa verdade, o povo – juiz inapelável – não viu.
Já sei que 27.083 eleitores também viram – um número que não pode ser ignorado. Há é outros números a não ignorar.
O método de Hondt e alguns acordos inesperados conduziram a nossa Força à subalternidade. E pensar que tínhamos tudo para vencer a arrogância e a prepotência instaladas…
Mas, com que armas? Se ninguém conhecia uma ideia dos “eleitos”, um plano, um projecto, uma solução, uma só linha escrita, um palpite que fosse sobre uma qualquer matéria!
Como podia o povo pensante votar, em abstracto, numa causa colectiva cuja base, que se exigia numerosa, tinha só um membro: o seu líder natural?
Alguém viu algum “eleito” defender, firme e convictamente, razões sérias e precisas que justificassem a “mudança de rumo” proclamada? Algo mais que a leitura débil, insípida e mortiça de discursos repetitivos e monocórdicos, bajuladores e interesseiros, vazios e desajustados, fracos e imprecisos.
A constatação é simples: basta pensar-se no que diz o povo sobre os políticos – falam muito e não fazem nada. Só que estes, além de nada terem dito, nada fizeram – ao contrário dos outros que, também nada tendo feito, tudo disseram. Deste modo simples se soluciona a contradição.
De facto, faz todo o sentido pensar-se que houve, durante a campanha, cidadãos a apontar para os “eleitos” mudos e silenciosos e a dizer, ou vá lá, a pensar:
«Olha, lá vão eles; nem parecem políticos! Não dizem nada; mas, o certo é que depois também não fazem nada!»
O que vão fazer agora os nossos, no terreno deles?
Imaginemos um debate em que os intervenientes se olhem fixamente – tipo jogo do “sério” – e que perca, não o primeiro a esboçar um sorriso, mas o primeiro a dizer uma palavra, a emitir um som. Exagero? Exagero, sim senhor!
(Falo dos “eleitos” e não do seu chefe que não tem, propriamente, no silêncio a característica mais marcante…)
Chegaríamos por esta via - a do silêncio - à elevação máxima do debate. Àquela que, no dizer dos filósofos, é indizível, razão pela qual nada mais haverá senão isso mesmo: o absoluto silêncio - a única ferramenta que, para o povo, os eleitos (sem aspas) possuem.
Ouvir, calar e amochar - muito pouco na actual correlação de forças.
Mas, é o que há! E, quem dá o que tem…
Cumprimenta-vos, silenciosamente, este vosso aliado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Carta aberta ao chefe local do PS

Desculpa não te tratar pelo nome, mas nem sei como te chamas.
Podes não acreditar, mas nunca vi uma fotografia tua - o que nesta era digital diz muito da tua pouca importância política.
Deixa-me contar-te um caso semelhante, que vivi há uns tempos.
Pretendia escrever, para um jornal da capital uma crónica a visar uma figura que despontava na cena política nacional: o ministro Mário Lino.
Como nunca o vira - e o estilo a imprimir impunha que o tivesse visto – quis saber com quem era o Lino parecido.
«Olha, é um tipo com cara de Brejnev de trazer por casa…».
Ainda pensei que Sócrates podia, pelo menos, ter escolhido para ministro um soviético com uma cara menos feia, vá lá o Andropov ou assim. Mas, não! Era mesmo o Lino, no início duma fulgurante carreira de ministro.
Para conhecer a tua fisionomia procurei, também, quem te conhecesse, mas não encontrei quem estivesse disposto a gastar contigo um segundo que fosse.
Se posso, mesmo assim, ir directo ao assunto? Posso, e é a mesma coisa.
Consta que no PS não consegues reunir consenso para concretizar a monda que te encomendaram. Nem consenso no partido, nem apoio fora dele!
Se fosses perspicaz, tinhas mandado às malvas os tipos que te encomendaram aquelas inúteis notificações aos militantes socialistas. E nem nisto mostraste competência, já que o principal alvo da tua sanha persecutória – Narciso Miranda – nem sequer foi notificado!
Se fosses inteligente tinhas percebido logo, que estavas perante uma evidência tautológica. (Se não souberes o que é uma tautologia, podes continuar a ler isto, mas dou-te uma ajuda: consiste em dizer o mesmo de forma diferente).
Vem o Sócrates e diz que o PS é democrático e tolerante. O que é verdade.
Vêm os teus notificados e dizem que o PS é antidemocrático e intolerante. O que é verdade.
Vens tu e os teus notificadores, e dizem que os independentes moveram forte afronta ao partido. O que é verdade.
Vêm os independentes, e dizem que só divergiram e não afrontaram o partido. O que é verdade.
Vêm os teus dirigentes, e dizem que o PS é de esquerda. O que é verdade.
Vêm os dirigentes do BE e do PCP, e dizem que o PS é de direita. O que é verdade.
Eis a evidência tautológica: se um diz a verdade, e está em contradição com o outro, o outro não pode estar também a dizer a verdade.
Exactamente como não entendeste!
Se pensas que, com essa das expulsões, Narciso e seus pares andam de cabeça baixa, estás enganado. Trazem-na bem levantada (a cabeça, claro). Resta-te recolher as notificações que enviaste, ajoelhar e pedir ao Senhor que te ilumine no futuro…se entretanto não te destituírem! Digo-te mais: se conseguires sair disto sem queimar as barbas, resolves a quadratura do círculo - coisa que nem o doutor Pacheco Pereira conseguiu.
Aceita o cumprimento dum cidadão não envolvido (até agora) em negociatas e cambalachos. Nem em escutas!

Escutas em Belém

Eis a prova que faltava.
Afinal há mesmo escutas em Belém!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Carta aberta a Guilherme Aguiar

Não se pode dizer que o seu futuro político, apesar da mudança, caríssimo Guilherme Aguiar seja negro, porque de certa forma é luminoso, mas é um mau futuro.
O senhor é uma figura conhecida em todo o país – e não só pela malta da bola - apesar de Gaia estar longe dos palcos onde se desenrolam as convenções básicas da política, daquelas em que Lisboa é mestra, o Terreiro do Paço é doutorado e qualquer ministro é Reitor!
Não espanta pois, que um amigo meu, que mora a Sul, e só o conhece da bola, pela televisão – tal como eu, aliás, que moro a Norte - mal o viu ganhar na secretaria o que perdeu no terreno, atirou a contar:
- «Não achas estranho que o Aguiar fique com o pelouro do Desporto, tendo ele concorrido pelo PSD?»
- «Não é por ser do PSD» – respondi – «é porque o homem é um pina moura de trabalho.» E rimo-nos ambos do dito. E prosseguiu:
«Não vês que ele procurou a mudança apenas para se conservar no poder?
Sabes que as espécies, mesmo segundo os darwinistas, apenas mudam para se conservarem. Ou seja, o que determina a mudança – seja do camaleão, seja a da crisálida em borboleta, seja a da Zita Seabra ser mais à direita, seja a do Mário Soares ser mais à esquerda – é a conservação das espécies. Claro que já entendeste que isto é um paradoxo.
A gente muda porque quer conservar!
Este Guilherme mudou para Matosinhos porque quer conservar-se no poder.
Não vale a pena disfarçar, meu caro: no fundo, no fundo, ninguém quer mudar se estiver bem. Citando uma velha máxima atribuída ao almirante Henrique Tenreiro, segundo a qual “mais vale ter saúde e ser rico, do que ser pobre e doente”, ninguém rico, bonito e saudável deseja uma mudança. Da mesma forma que ninguém feio, pobre e doente quer ficar na mesma. A questão da mudança depende pois do ponto de partida.»
Claro que esta mudança não pode ser comparada à daqueles políticos que vão para empresas com as quais tinham feito contratos enquanto ministros. Trata-se dum esquema muito em voga, cujos contornos a Justiça persiste em ignorar e que, com leves variantes, funciona assim:
A empresa A precisa de convencer o Estado a colocá-la no consórcio B, de forma a financiar-se para o projecto C, o qual serve, aliás, de alavancagem para iniciar a obra D, ganhar a obra E, e concluir a obra F.
Ora, se a empresa A conseguir integrar nos seus quadros um antigo ministro, tem a coisa facilitada, deixemo-nos cá de coisas!
Tenho para mim, que o seu propósito de mudança não encaixa neste exemplo.
O amigo Guilherme vem para cá com o objectivo de nos ajudar, porque acha – e muito bem – que Matosinhos merece melhor!
Melhor do que ele próprio? Bem, a isso é que não sei responder!
Mas esta era a mensagem de fundo; e 15. 084 eleitores acreditaram!
Avance, pois, ó Aguiar; tem o nosso respeito

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Carta aberta a Guilherme Pinto

Escrevo-lhe para lhe dizer que depois de analisados os resultados da sua reeleição como presidente podem, enfim, retirar-se algumas conclusões.
Antes, porém, deixe-me contar-lhe isto, em jeito de introdução.
Quando eu era novo, havia na minha terra – pequena aldeia lá do Minho – um barbeiro. Dizer um barbeiro, era dizer um espelho e um banco, uma tesoura e um homem, razão pela qual ainda por lá se diz «não tarda uma loja de barbeiro», para se dizer que é coisa rápida. Esse barbeiro dizia mal de toda a gente. Que este era um palerma, que o outro era tolo, que o seguinte era ruim, que o próximo era mau e, que, o se seguia era um palonço do piorio.
Ao fim da tarde, quando não quedava senão ele na loja, o barbeiro mirava-se ao espelho e apontando para a sua imagem reflexa, dizia: «E tu és o pior de todos! Tu também me saíste um grande filho da mãe, sempre disposto a dizer mal deste e daquele, sem piedade, nem compaixão».
O barbeiro foi-se, e fiquei com os mesmos tiques, fosse por influência do homem, fosse por influência do lugar (é perto de Barroselas…).
E quero dizer-lhe que as razões dos seus 42,31% - 37.239 de votos – podem muito bem ter sido encontradas. Pelo menos, essa é a convicção duma vasta equipa criada para o efeito, logo após o 11 de Outubro:

1) Cerca de 25.000 membros do PS referiram que tinham votado em si porque o chefe local deles assim tinha mandado. Interrogados sobre esse procedimento referiram que era o procedimento normal, uma vez que os chefes locais lhes tinham dito que esse era o procedimento normal.
2) Cerca de 10.000 revelaram que votaram em si porque costumam votar no tipo que vai vencer. Interrogados sobre a razão de tal costume, disseram que a fundamentam num dado extremamente relevante: nunca perder umas eleições. Estes militantes já tinham votado Narciso, Soares, Cavaco, Guterres, Barroso e Sócrates, sendo que dois deles tinham votado Santana Lopes. Quando lhes perguntaram como conseguiram votar nos líderes do PSD, metade disse que costumava mudar de partido logo que percebia que o partido onde estava ia perder as eleições e, a outra metade – a facção mais conservadora – revelou que é militante dos dois partidos ao mesmo tempo.
3) Cerca de 2.238 disseram ter votado no PS, uma vez que a sua ideia fundamental era que tudo ficasse na mesma. Cem deles confessaram ter votado por engano, pensando tratar-se das eleições do Leixões e da reeleição do senhor Carlos Oliveira.
4) Um militante deve ter votado mais ou menos convictamente em si.
Provavelmente o senhor, ou seja o próprio.
E aqui tem o estudo, em primeira mão, do seu eleitorado.
Aceite um aperto de mão, devidamente higienizado e desinfectado, por causa da gripe.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Carta aberta a Narciso

Tenho andado a pensar nos propósitos de alguns dirigentes regionais do PS - o partido que, sem ti jamais teria sido o que é – e começo a ficar preocupado.
Vim até aqui ao Minho profundo, que como sabes fica perto de Viana, e resolvi reflectir sobre a coisa. Ou seja, pensar profundamente no modelo judicial socialista, o qual, parece-me, não difere muito do modelo judicial português.
O modelo judicial português (o socialista parece-me igual) diferencia-se dos restantes – e tu sabe-lo bem! – pela originalidade no que toca aos alvos de penas e condenações.
Por exemplo (e esta devo-a a um bom amigo que estudou bem o caso, a partir da posição privilegiada no Governo): se um banqueiro delapida os fundos do banco, prejudicando os accionistas, na maioria dos modelos judiciais, vai preso. Pois em Portugal, terra de brandos costumes e de ainda mais brandos julgamentos, vai preso o gerente da agência bancária, que a seu pedido abriu conta num «off-shore»!
Outro exemplo: se um ministro despacha (e despacha-se) que se farta, pode em qualquer modelo judicial comum ser chamado a contas no Parlamento, em sede de Comissão de Inquérito, ou mesmo na Procuradoria. No nosso modelo não se incomoda o ministro; parte-se do princípio que a culpa – a haver, coisa que raramente acontece - é do contínuo que deixou acumular os despachos e do chefe de Gabinete que já faleceu, ou, já emigrou.
Esta é a lógica justiceira dos dirigentes que agora querem julgar-te.
Toda a gente sabe que não podes comparar-te a eles. És um homem de carácter, de princípios, de causas e de valores. Um socialista a sério!
Poderão, os que agora se arvoram em teus juízes, proclamar o mesmo?
Comparado com o teu, que passado têm eles, para que os acreditemos no presente, e lhes confiemos o futuro?
Toda agente sabe que a tua corrida por fora do PS se ficou a dever à firme determinação de recolocares Matosinhos na calha do progresso e desenvolvimento. Corrigir a rota, ou retomar o rumo, como tantas vezes o disseste. Porque foram eles que se desviaram, e não tu!
Tiveste a lucidez de denunciar, a tempo, o desgoverno municipal.
Tiveste a coragem de enfrentar uma máquina partidária que, desta vez, nos venceu.
Contigo estão muitos dos que nas autárquicas votaram PS.
Sobre este “engano” eleitoral, ainda um dia hei-de dedicar-te um livro!...
Lembra-te das palavras oportunas e certeiras do Presidente da República na tomada de posse do novo Governo, e que podes muito bem interiorizar:
“Se os cargos públicos são efémeros”… “o carácter dos homens é duradouro…”, pelo que “não são os cargos que definem a nossa personalidade, mas aquilo que somos em tudo aquilo que fazemos…”.
E se pensas que, depois de tanto esforço, o reconhecimento não existiu, pensa na resposta daquela criança à ministra Lurdes Rodrigues, depois das obras e dos “Magalhães” (Público 15/10/2009):
“E o que é que gostas mais nesta escola nova?” – perguntou a ministra.
“Da professora”- respondeu o rapaz!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Benfica é outra coisa! Estes são os números da SAD

É oficial!
35 milhões de euros de prejuízo (“resultados negativos”, segundo alguma imprensa…).
12 milhões negativos em “capitais próprios”.
Passou de 125 milhões, para 173 milhões o passivo (aumento de 53 milhões de euros)!
Os números são outros, evidentemente. Mas, o tipo de gestão do Benfica, não desalinha do do Governo. Podia dizer-se: Vieira e Sócrates, a mesma luta!...

A avaliar pela gestão do País, Sócrates não faria melhor no Benfica!
A avaliar pela gestão do Benfica, Vieira não faria melhor no País!
A política de Vieira levou o Benfica ao maior endividamento de todos os tempos; a política de Sócrates levou Portugal ao maior endividamento público de sempre!
A política de Vieira levou o Benfica aos piores resultados de todos os tempos; a política de Sócrates leva Portugal ao maior défice dos últimos anos!
A política de Vieira levou o Benfica a perder um número infindo de campeonatos e títulos; a política de Sócrates levou Portugal a perder 100.000 empregos; política de Vieira leva o Benfica à falência plena; a política de Sócrates coloca Portugal na quase falência!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O PS e os cartões vermelhos

Expulsar os “independentes”, aqueles que, nas autárquicas se opuseram à orientação do partido, é uma medida que – razões legais à parte – jamais obterá consenso.
Não estou habilitado a defender ou a contestar a decisão que, sob o ponto de vista de interesse partidário, venha a prevalecer.
Do ponto de vista do interesse político nacional, a expulsão de um dos mais firmes pilares do partido e da democracia – como Narciso Miranda o é - constituiriam tremendo erro.
Nesta matéria – e matéria legal à parte, repito - ninguém pode arrogar-se detentor da verdade absoluta.
Pode esgrimir-se argumentos mais ou menos convincentes, capazes de assegurar o triunfo de uma opinião, e só de uma opinião. Defender-se o verosímil ou o provável. Ter-se uma opinião mais ou menos provável.
Não há, a este respeito, uma verdade unívoca, indispensável, segura.
O PS não é um partido ideológico.
Serve-se da ideologia como suporte de propaganda, ciente de que ser ou declarar-se de esquerda é, por estes dias em Portugal, um produto de aceitação garantida para uma faixa relevante do “mercado”.
Certo é que os ajustes de contas no seio do PS não surpreendem ninguém.
Os envolvidos pressentiam-nos. Os de fora adivinhavam-nos.
Pragmatismo, e é tudo.
Se houvesse dúvidas – e não havia – a última proposta que Sócrates dirigiu a todos os partidos parlamentares para deixarem de ser oposição e passarem a ser governo, ou, pelo menos para fazerem parte da maioria dissipava-as.
O que importa a Sócrates, de momento, é uma maioria tranquilizadora que lhe permita levar o governo até ao fim da legislatura. Por isso é que, tanto faria uma coligação do PS com o BE, do PS com o PCP, do PS com o PSD ou do PSD com o CDS!
Este tipo de postura não é novo. Já Soares, noutros tempos governou em coligação com o CDS de cujos dirigentes tinha dito o que Maomé nunca dissera do toucinho!
O PS é essencialmente um partido pragmatista, e Sócrates brilha no PS porque é um excepcional intérprete dessa atitude política. Só faz sentido o que é útil para si ou para os seus interesses. Visa, em cada decisão tomada efeitos práticos, sejam eles imediatos ou a prazo!
Não concretizou nenhuma expulsão antes das autárquicas, porque pressentia efeitos negativos da decisão.
Verdade é que Sócrates ganhou nas legislativas e, não perdeu nas autárquicas.
Com outra atitude, com outra postura, com outra estratégia tê-las-ia ganho ou não.
Por isso, sentença definitiva, quem a proferiu, não convenceu – persuadiu!
Não demonstrou – argumentou!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Tachos! Reflexões típicas de quem nunca abichou nenhum

Dantes, nos primórdios da revolução, quando a nossa capacidade de indignação tinha mais músculos e menos celulite, só o ouvir falar em “Tachos” nos punha em posição de combate. Éramos radicais, não transigíamos com nada.
Mas, hoje…
À medida que vamos envelhecendo e sofrendo a erosão do tempo, os mais belos ideais vão criando cabelos brancos e acompanhando a nossa decadência física.
Dir-se-ia que estamos anestesiados, e a anestesia impede-nos de reagir à indignidade. Adapta-nos!
Em vez de dizermos "Não aos Tachos”, contemporizamos e arranjamos fórmulas de compromisso, como por exemplo:
«Se tem de haver tachos, que ao menos eles sejam distribuídos por pessoas decentes; por nós, por exemplo”.
Como vivemos num estado de direito, a lei, as obrigações, as oportunidades e as regalias devem ser iguais para todos. E, portanto, os tachos também.
Mas acontece que, na prática, não existem dez milhões de tachos para os dez milhões que somos. Logo, há quem tenha de ficar sem tacho!
Por outro lado existem alguns tachos para distribuir (na grave crise em que nos encontramos deitá-los fora seria um crime). Portanto, há quem tenha de ficar com tacho!...
Terrível dilema para quem tem de dizer sim a este e não àquele.
Dou o tacho a este?... Dou o tacho àquele?... Dou dois tachos a este?... Dou três tachos àquele?
Livre-me Deus de ter algum dia o poder de poder distribuir tachos a torto e a direito, pois palpita-me que nunca mais voltava a dormir descansado. Por muito honesto e isento que quisesse ser falharia. Além de que os critérios que adoptasse, embora fundados em razões de justiça, não coincidiriam necessariamente com os critérios alheios. Sobretudo se esses alheios fossem adversários políticos tão isentos e honestos como nós.
De resto, existe ainda uma verdade que só pioraria as coisas: os tachos são como os hotéis, e há-os de “uma estrela” até “cinco estrelas”.
E, cada um dos tachados acharia que tinha mais direito a um bom tacho do que o outro!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Lutou como sempre. Perdeu como nunca!

Uma derrota custa sempre a digerir. Desta verdade foi-nos dado, esta semana, um sinal certo através dum “comunicado” subscrito pelo “Grupo de Cidadãos eleitos da Candidatura Narciso Miranda Matosinhos Sempre” e dum “texto” assinado por quem, alegadamente, deve exercer “o direito de resposta”.
O primeiro, publicado na Imprensa, tem o sugestivo título «Haja decoro».
O segundo, recebido por e-mail, é mais objectivo: «Face às declarações do Guilherme Pinto no Público de hoje:».
O conteúdo, excepção feita aos primeiros parágrafos, é o mesmo.
Num português macarrónico, pretende-se “responder às afirmações difamatórias e injuriosas que o presidente da autarquia de Matosinhos dirige aos vereadores da oposição…”
Mas, o que disse o “malvado”?
Que não o preocupa “rigorosamente nada não ter a maioria absoluta no executivo camarário”. E acrescenta, a propósito, mais umas observações banais e inofensivas. Basta ler a notícia completa do Público (dia 14) para que se perceba a inconsequência das afirmações proferidas.
Mas, desde quando é que há injúria e difamação numa simples manifestação de indiferença, que, o mais que pode significar é a rejeição dos “eleitos”?
Pior ainda é a qualidade da escrita! A quem aproveita tamanha demonstração de incapacidade de interpretação e de redacção?
Exemplos? Aqui vai um: «…penso que seria mais forte (o texto) se fosse subscrito por todos os eleitos…». E, já agora, vejam lá se percebem o que é «a projecção de antecipar a governação do concelho em minoria»?
Faz lembrar aquele aviso paroquial colado à porta da igreja, que reza assim:
“O mês de Novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia”! Mais? Cá vai:
«…uma oposição séria, dedicada e trabalhadora que o futuro de Matosinhos augura». Essa de levar o futuro a augurar, não lembrava ao diabo! Outra: «…desenvolvimento da cidade a que chamamos Matosinhos». Aqui é que não há dúvida: é mesmo Matosinhos!
Agora a sério. Começam a encontrar-se explicações para o colapso eleitoral que vivemos. Afinal – lê-se neles – há uma equipa criada para levar a cabo acções que «não dependem exclusivamente de Narciso Miranda, como Guilherme Pinto afirma». Uma equipa que tem por finalidade “…não criar barreiras ao progresso construindo Matosinhos»!
Pudera! Também era melhor que fosse para criar barreiras ao progresso...
Uma equipa, «…cuja independência e liberdade de expressão leva já na voz (não seria melhor levar na cabeça?) o apoio de mais de 30% do eleitorado Matosinhense». A conclusão é óbvia.
Narciso só à sua conta, contaria com mais de 50% do eleitorado.
Já o provou no passado. E merecia-o no presente. Pelo futuro.
Com a tal “equipa criada”, cujas potencialidades, esta amostra antecipa (e ainda com outras “equipas fantásticas” que o tal texto omite) obteve 30%!
Que vieram acrescentar à nossa causa tais equipas? É só fazer as contas!
Uns 20% de votos a menos. Pelo menos!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Autocrítica

Desde que nasceu, este Blog tem o seu autor identificado. Apesar disso várias têm sido as mensagens recebidas na caixa de correio, desafiando-me a revelar quem sou, de onde venho e para onde quero ir.
Mensagens que obviamente não publico. Por não interessarem nem ao Menino Jesus tais revelações.
Contudo, de quando em vez, aventuro-me a uma autocrítica. É uma atitude que classifico de digna. Tomo-a periodicamente, embora, infelizmente, tal atitude não concorra para melhorar o meu padrão moral. Os vícios estão demasiado entranhados. É-me difícil mudar. Constato que, no respeitante a pecados, sou conservador. Mantenho-os. De qualquer modo, a autocrítica alivia, fica mais barato do que ir ao psicanalista e é menos sórdido do que ajoelhar aos pés de um padre.
Sou preguiçoso e indisciplinado por natureza. Embora apregoe as virtudes do labor e da ordem, chego ao ponto de nem hoje fazer o que já devia ter feito ontem. Nada tenho de desinteressado, como às vezes procuro aparentar e gostaria de ser.
Infelizmente, não resisto à sedução do dinheiro e apenas consigo desprezar as pequenas quantias. Digamos, os trocos. Depois de ler Karl Marx, percebi que tenho muito mais amor ao capital que ao trabalho. Não desdenho as honrarias, ao contrário do que reflectem as minhas crónicas, em que as menosprezo e ridicularizo. As honrarias, claro.
Se não pertenço ao Conselho de Estado, à Opus Dei, Ordem dos Templários, ao Governo ou ao Parlamento, ou mesmo se não sou director de uma estação de televisão, não são as minhas convicções que o impedem - eles é que não me querem lá.

Outro defeito que admito é ser céptico e disfarçado: não só não acredito numa palavra do que dizem os tipos mais inteligentes do que eu, como lhes chamo burros e tento desacreditá-los para ficar satisfeito comigo mesmo. Não é bom ser assim, de acordo, mas não tenho emenda: por mais que aposte e enalteça projectos vanguardistas e me vanglorie de ser criativo, ousado e inovador, nunca passarei de um mísero social burocrata.
Também lamento ser injusto e mal agradecido com numerosas instituições, como a televisão por exemplo. Farto-me de dizer mal dela, sob os pretextos mais fúteis, esquecendo o muito que lhe devemos: graças aos seus programas, muitas pessoas adormecem todas as noites sem recorrer a sedativos.

Mas pior, pior, é ter a língua solta (ou comprida) quando, no fundo, aprecio e valorizo as pessoas discretas e ponderadas no falar. Sofro claramente de incontinência verbal (e escrita), veja-se o meu azar! Insisto em insinuações e, pior que isso, não passo sem escrever coisas perfeitamente inúteis. Como esta.

Há, porém, nestas coisas do dizer e escrever, uma qualidade que, modéstia à parte, devo reconhecer e contabilizar a meu favor: quando não tenho nada para dizer, digo-o. Sempre. Como agora...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Coração ao largo

Aconteceu no ano nove, do mês dez, ao dia onze. Quase doze pontos percentuais de diferença. É muito ponto junto!
Foi a pique, no Mar de Matosinhos a nau que carregava a candidatura da esperança matosinhense. Ninguém se salvou!
Tripulação e passageiros sucumbiram ao naufrágio que algumas nuvens traduzidas nas últimas sondagens conhecidas prenunciavam. E, nem foi uma grande tormenta que a tragou. Não foi um golpe de mar, nem um navio pirata, nem um rebocador que lhe surgisse por trás duma esquina.
Também não foi um acontecimento inesperado, não foi nenhum facto, nenhum acto, nenhuma acção, concreta e definida, a ditar o colapso.
Terá sido antes, o corolário lógico, duma silenciosa política de afastamento de cidadãos sérios e responsáveis, dum persistente lume brando que os foi aquecendo primeiro, assando a seguir e (quase) queimando depois.
Todas as portas se fecharam a um projecto em que muitos de nós acreditamos.
Algo de muito mal correu para que o povo tenha virado as costas a um projecto que visava para Matosinhos a recuperação do rumo de progresso, credibilidade e desenvolvimento perdidos durante os últimos quatro anos.
Algo de muito mal correu para que os matosinhenses, informados do descalabro das contas municipais, lhes tenham, mesmo assim, com o seu voto, dado a indesejada continuidade.
Algo de muito mal correu, para que avisadas das intenções de prosseguimento duma política manifestamente desalinhada dos interesses da comunidade, as pessoas tenham decidido avalizar esse “projecto”.
Algo de muito mal correu, para que nem na mais remota freguesia tenhamos ganho!
E o discurso de capitulação de Narciso a sugerir a manutenção da rota, sem quebras, nem desvios, tolerado à luz da emoção, não pode ser entendido à luz da razão.
Porque, essa atitude, essa postura, essa avaliação configura, na prática, a ideia de que foi o povo o responsável por derrota eleitoral de tal magnitude.
E, todavia o povo deu mostras claras de estar com Narciso. De o apoiar. De o desejar.
Quem acompanhou as acções de rua, quem sentiu a extraordinária adesão popular, quem ouviu cidadãos das mais variadas classes sociais e escalões etários, não pode esconder surpresa e inquietação, incredulidade e frustração, amargura e desolação.
E estes sentimentos não se apagam com a promessa de que “vamos prosseguir”.
Ou antes, prosseguir sim, mas com que rumo? Com aquele, cujos efeitos agora conhecemos?
Fala-nos de experiência política, de experiência de gestão e disto ninguém divida. Um senão, porém.
É que, a experiência – é dos livros - ensina-nos a cometer novos erros em vez de repetirmos os antigos. E, nesta altura uma análise fria, ponderada, serena e honesta talvez demonstre isso mesmo: foram repetidos erros antigos!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A Lavagem

Estou disposta a perder a gamela de Bruxelas…» disse, há alguns dias, Elisa Ferreira.
O que terá levado esta euro-deputada e candidata virtual à Câmara do Porto a utilizar semelhante metáfora? Ter-se-á lembrado do “Triunfo dos Porcos” de George Orwell?
Quereria estabelecer alguma ligação entre política e lavagem?
Atenção que a lavagem que aqui sirvo (salvo seja) é aquele alimento composto de couves e restos de vegetais cozidos na panela grande dos porcos.
Quando lhes cheira a lavagem, de cabeça baixa, os porcos precipitam-se para a gamela. Sem queda para trabalhar, passam o tempo a fossar o chão e comem de cabeça submissa os restos que lá lhes caem.
Imagem perfeita de alguns, de que alguns procuram fazer políticos?
Mas, isto não será procurar pôr alfaces a dar faísca?
Por mim, prefiro as vacas: comem de cabeça levantada com a manjedoura colocada na parede a meia altura. Além disso fornecem leite e são mouras de trabalho nos campos.
E (lá está…) andam de cabeça erguida até na refeição!
«…perder a gamela…»?
Onde se viu, alguma vez, um porco a deixar a gamela, fosse ela de madeira ou de pedra?
Se puder ainda ataca, mas é a gamela ao lado!
Como diz o João da Ilha, a propósito dos últimos resultados eleitorais:
«O país endoidou»!

domingo, 4 de outubro de 2009

“Antes da glória”, o livro que morreu na praia

Enquanto os rapazes do seu tempo se estreavam no bosque de Santa Luzia com a Picolina - mulher de muitas relações, descontos para estudantes e militares - Narciso pescava noutras águas. O episódio anterior dava conta duma namoradinha, a Celeste (nome fictício). Mas, como a terá conhecido? Podia muito bem ter sido da forma que se acha escrita no livro. Assim:
«…Celeste na sua cadeira, rainhas as outras, rindo e dançando. Só de longe em longe, e porque sobravam os homens, lá vinha um, Celeste num alvoroço, ele frio e desgostado como quem compra os últimos carapaus da canastra onde já todos escolheram. Celeste encostando-se, desejosa de compensar, de pagar com prazeres a graça de um tango, de incitar a novos convites, Celeste magra e desengraçada, mas terna, a dar-se, eles ausentes, dançando, dançando só, com a orquestra, não com ela, Celeste apenas bengala de caminheiros do baile. Naquela noite apareceu o Narciso. Nunca o tinham visto ali, seria de outra terra, talvez, Vila Fria, Neves ou Barroselas, estatura meã, olhos castanhos, calças de ganga, camisa clara. «Quem é? Quem é?», perguntavam-se umas às outras, excitadas pela presença da cara nova, para mais bonita, ajeitavam os cabelos, faziam poses, as mais atrevidas sorriam-lhe de longe e mostravam as bolas dos joelhos. A expectativa cresceu quando a orquestra – Rio Lima Dancing, Janita ao piano, Teodósio contrabaixo, Camilo no saxofone, Zé António e seu acordeão, Luciano vocalista acumulando os ferrinhos – lançou para a pista os primeiros acordes da Valsa do Imperador. As moças, expostas em duas filas de cadeiras à volta da sala, ficaram aguardando o que lhes caberia em sorte, mas iam-se-lhes os olhos e a curiosidade na figura do desconhecido, marinheiro de primeira viagem à Sociedade Musical e Recreativa Darquense, cinco escudos de cota, os bailes mais animados da região. Acanhado não era ele. Ainda Camilo não gastara o primeiro fôlego no saxofone ei-lo que avança pela sala nua, tudo suspenso do seu passo ágil, até os rapazes parados, a dar a vez, Narciso caminhando, de uma ponta à outra, até dobrar-se em frente de Celeste, e perguntar humilde, quase em súplica: «Quer dançar comigo?». - «Eu» - Celeste não esperava uma daquelas, era a coisa mais bonita que alguma vez lhe acontecera, as outras morrendo de inveja, levantou-se e volteou nos braços daquele estrangeiro, príncipe encantado que vinha redimi-la de mil humilhações. Rodopiavam sós no centro do mundo, durante minutos, ou seriam horas, tempo de maravilha, todos a olhar, suspensos, esquecidos da dança, duas filas de Celestes em banhos de cadeira, Celeste rainha, a mais bela de todas, a única, a eleita. «Como te chamas?» - «Eu, Celeste, E tu?» - «Narciso.» Palavras ciciadas nas voltas da valsa, agora era um bolero, o braço de Narciso firmou-se mais na cintura delgada, apertou-a contra si, nem era preciso, Celeste já lá ia, feliz. Quando a orquestra se calou, Narciso foi levá-la ao seu lugar, disse «muito obrigado» e sumiu. As outras olhavam Celeste surpresas e enciumadas, ela segurando um botão do vestido, fazendo-se ocupada para esconder felicidade tão grande. Voltaria? Não, por certo não, agora iria dançar com outras. Aí estava a orquestra de novo, na alegria irónica de um paso-doble, Celeste entristecendo, Narciso a chegar à sala, quem seria agora, talvez a Isabel, de todas a mais bela, representante da Sociedade num concurso de misses. Isabel também à espera, orgulho ferido. Narciso levantou os olhos e sorriu, sorriu para Celeste, ai Nossa Senhora, rezou ela, Narciso perguntava-lhe, de longe, rodopiando um dedo apontando para o chão, se queria dançar…».

Virus SLB1. Já conhece?

Como se sabe vivemos desde há algum tempo sob a ameaça de um dos mais perigosos e contagiosos vírus de que há memória.
Falo naturalmente do SLB1, popularmente conhecido como Gripe das Águias.
O pânico começa a apoderar-se da população e impõe-se um esclarecimento sério e uma informação oportuna, visando a propagação da maleita.

Perguntas mais frequentes:

- O que é o novo vírus da Gripe das Águias (SLB1)?
- É um vírus altamente contagioso que ataca sobretudo a população benfiquista, principal grupo de risco. As vítimas têm normalmente a memória muito curta e uma assustadora incapacidade de distinguir a ficção da realidade seja ela escrita, relatada ou comentada pelos agentes informativos.

- Quais os sintomas da doença?
- O SLB1 causa nos infectados picos de febre altíssima, levando-os ao
delírio e a acreditar piamente que o Benfica será campeão, que ganhará
a Champions, mesmo sem nela vierem a participar…

- Como se infectam as pessoas com o novo vírus da Gripe das Águias (SLB1)?
- Ouvindo mais que dois minutos sócios e simpatizantes do SLB, lendo jornais desportivos, sintonizando a SIC, TVI ou SportTV. Ser assinante da Benfica TV é assinar (lá está...) a sua própria certidão de óbito. Ler as crónicas do João Gobern pode mesmo ser fatal. Estes são comportamentos de risco que devem ser evitados a todo o custo.

- Qual é o período de incubação da doença?
- O período de incubação da Gripe das Águias, ou seja, o tempo que
decorre entre o momento em que uma pessoa é infectada e o aparecimento
dos primeiros sintomas, é equivalente ao tempo que o Carlos Martins
demora a lesionar-se num jogo: 5 a 9 minutos, não mais.

- Quanto tempo dura a infecção pelo SLB1?
- Estudos realizados em temporadas recentes demonstram que este vírus
começa a manifestar-se em meados de Junho. A sintomatologia dura
geralmente até à 6ª jornada, ou vá lá até à 10ª na pior das hipóteses. Nessa altura
ocorre a chamada Depressão das Águias.

- A doença pode ser tratada?
- Sim, pode. Geralmente uma derrota em casa com um Olhanense ou Metallist (?) ou uma cabazada fora com um Olympiakos.

- O que devo fazer entretanto?
- Evite o contacto próximo com pessoas doentes, mantenha-se afastado de qualquer jornal desportivo, mantenha a calma e aguarde tranquilamente pelo mês de Novembro, altura em que se prevê a completa extinção do vírus!

sábado, 3 de outubro de 2009

A Mãozinha e o Coração

Os símbolos são até bem diferentes. Não se confundem.
A mãozinha (o partido da rosa) e, o coração (o partido de Matosinhos) são - de acordo com sondagens credíveis - os mais sérios candidatos à vitória nas eleições para os órgãos autárquicos de Matosinhos.
E, a diferença dos símbolos não é apenas gráfica.
Um, representa um partido cujos líderes afastaram do seu seio o candidato que povo recuperou: uns matosinhenses, pela amostra, iriam – se preciso fosse - buscar Narciso ao inferno.
O outro, representa a vontade duma população que anseia por ver instalada nos órgãos locais gente em quem possa confiar: outros matosinhenses, pela amostra levariam ao inferno – mesmo que preciso não fosse – os que não têm sabido exercer o mandato com a indispensável seriedade, e metê-los-iam, a pique, num caldeirão de azeite a ferver, fornecido (ou não) pelos supermercados da SONAE!
O apoio, a aceitação colectiva de Narciso é inquestionável; mas, Narciso, não é infalível.
O apoio, a aceitação colectiva das diversas equipas que Narciso escolheu – em alguns casos - é questionável.
Está visto: Narciso é humanamente falível!
Está visto, também: Narciso é, de longe, o presidente que o povo quer!
O grande adversário é a questão do símbolo: é que a longa - e frutuosa - colagem de Narciso ao PS deixou marcas que só o tempo virá a dissipá-las.
O risco de haver quem vote “mãozinha” convencido de que vota Narciso, poderá muito bem vir a estabelecer a diferença entre um resultado estrondoso (como, da outra, “eles” diziam) e um resultado vitorioso (como, desta, nós dizemos)!
Dito doutra forma: a desatenção, no momento da verdade (o do voto) pode ditar a diferença entre uma vitória tangencial e uma vitória folgada.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Narciso antes da glória

Chama-se "Antes da glória”. É um livro que fala de Narciso, da sua infância e juventude. Não invento tudo! Os episódios narrados têm um fundo de verdade. Limito-me a criar-lhes um enquadramento. Semelhanças com a realidade – se as houver - que sejam perdoadas. A ficção, às vezes, parece cópia daquilo que podia ser. Ou é! Como este, em que Narciso, por pouco era pai. Não ganhou para o susto! Anos sessenta. Uma namoradinha, a Celeste (nome fictício), e um long-play dos Beatles comprado a meias.
Transcrevo o primeiro, tal e qual se acha escrito no livro. Não podia, neste dia de paragem da campanha escrever outras coisas?
- Podia; mas não era a mesma coisa!
«…Os Beatles ouvidos em casa dela, ao serão, os pais deitados já, o Paul McCartney e os outros, o Lennon, o Harrison, o Ringo muito fixes, fazendo acompanhamento aos seus beijos e abraços, Celeste de olhos húmidos, abandonada, desfeita – e estava nisto quando Narciso, bem educado disse: «É tarde. Os teus pais hão-de querer dormir, devem achar que são horas de eu ir andando…».
Celeste, muda e quebrada, desligou molemente o gira-discos, pegou-lhe na mão, foram pelo corredor, frente à porta do quarto dos pais Celeste falou – «amanhã é sábado. Telefonas-me? », desceram as escadas até à porta da rua, Celeste abriu-a mas fechou-a com estrondo antes que Narciso saísse.
«Pssst…». Tinha um dedo sobre os lábios e o nariz bicudinho silenciando as perguntas do namorado surpreso. Sentou-se no degrau, dobrada sobre os pés de Narciso, tirou-lhe docemente os sapatos, depois segurou-o pela mão, puxou-o escada acima, ele meio parvo, sem querer ir, mas indo.
De novo o corredor, viagem de volta, Celeste fazendo o barulho dos passos calçados, Narciso no seu silêncio de peúgas e medo. «Pssst…» fez ela mudamente, o que disse alto e bom som foi «até amanhã!», e do fofo recato do seu leito, pai e mãe, à uma, responderam: «Até amanhã, filha!».
Narciso sentiu-se abraçado e empurrado com brandura para dentro de um quarto, era o quarto de Celeste - «mas tu estás doida?!» -, ela enroscando-se, uma voz de mimo, «eu queria estar mais tempo contigo…», Narciso à deriva entre dois desejos, o de ficar e o de partir, foi ficando, sentados ambos sobre a colcha de seda com desenhos de borboletas. «Não te zangues, podem ouvir-nos…». Pendurou-se mais no corpo trémulo de Narciso, tombaram sobre as borboletas da colcha, de súbito Celeste deu um salto e um gritinho «ai que amarroto o vestido!» - e acto contínuo tirou-o. Narciso queria protestar, não protestou, estava de olhos e vida parada no soberbo corpo nu. Deu um passo para a agarrar, Celeste recuou - «despe-te também!» - era uma ordem, obedeceu numa pressa cheia de ansiedades, ficou de cuecas porque tudo na vida tem os seus limites. Grave seria também amarrotar a colcha das borboletas – lembrou ela e a tempo – acabaram por se deitar como deve ser e, já agora por se despir como deve ser. Narciso desejou mais, pudera, mas Celeste disse que não, só quando chegasse o momento próprio, o que tardou um comprido quarto de hora. Moça fogosa e de muita iniciativa, foi decidindo de outros momentos próprios, tomara o comando, punha e dispunha, programava, agora assim, agora assado, e foram seguindo à descoberta, viagem louca, a todo o pano, a volta ao mundo, Celeste ao leme…».
Podia continuar? Podia, mas não há espaço. E, nove meses depois de terem comprado o disco dos Beatles não nasceu nenhuma criança por ali!

domingo, 27 de setembro de 2009

É Narciso que ganha as eleições, ou é o candidato PS que as perde?

Creio que foi Churchill quem disse que a oposição jamais vence as eleições – é sempre o Governo que as perde.
O estadista quando proclamou esta verdade, não estava a pensar nos portugueses…
Mas, se estivesse - e quisesse sintetizar a actual corrida eleitoral - dificilmente, para Matosinhos, encontraria sentença mais adequada.
Na verdade, Narciso, nem precisaria de empregar-se a fundo para vencer a 11 de Outubro!
São tantas as fragilidade, são tantas as insuficiências, são tantos os erros de gestão protagonizados pelo actual executivo que, a sua queda, a sua eliminação, a sua rejeição colectiva, simplesmente decorre. Cai de madura, por assim dizer.
Por outro lado, são tantas as forças, são tantos os argumentos, são tantas as razões invocadas por Narciso para justificar a mudança que, a sua ascensão, a sua vitória, a sua aceitação colectiva, naturalmente emerge!
Narciso ganha, porque os matosinhenses, avaliando o rigor de gestão num, e a falta dele noutro sabe escolher o melhor.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Isto sim é que é romance!

Tem de tudo!
Casamento simulado, mosteiro, ameaça, coacção, injúrias, polícias, funcionários municipais, cavalos, cavaleiros e até um padre!
É uma história rocambolesca, ocorrida há dias em Leça do Balio.
Conhecemo-la através do nosso prezado colega “Mar de Matosinhos”. Há romances que ao longo dos tempos têm arrebatado o público, com muito menos personagens e muito menos ingredientes.
O facto de parte das cenas se terem passado dentro do convento, sem que a maioria das pessoas se tenha “apercebido do sucedido” vem reforçar aquela ideia que o povo tem de “quem está no convento é que sabe o lá vai dentro”.
E entram depois nos comentários ao Post (excelente) do blog em questão, doutores a afirmar que o “presidente interviu”, presidentes “ainda” em exercício e secretários (também há disto, meus senhores, na história), que nos falam de Idade Média, IPAR, moções de censura e, claro de fantasmas.
Que fantasmas? Pois claro, Narciso, citado na circunstância como “partido independente”.
É mais um, aquele “ainda” presidente a ver Narcisos em tudo quanto mexe e respira:
Narcisos a subir a Avenida, Narcisos a conduzir autocarros, Narcisos nas estações do Metro, Narcisos nos cafés, Narcisos nas ruas, Narcisos nas repartições de finanças, Narcisos nos supermercados, Narcisos nos centros comerciais, Narcisos em filas junto aos Centros de Saúde todos à espera de serem atendidos pelo doutor Narciso!
Do seu candidato principal à Junta baliense é que não reza a história!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Se o telefone não tocar,sou eu!

São cada vez mais evidentes os sinais de apoio da população a Narciso Miranda.
Por onde quer que passe, aonde quer que vá, as manifestações de apoio e aceitação sucedem-se. E, para que o apoio expresso surja, nem é necessário que se desloque em campanha eleitoral. Nas ruas, nos cafés, nos jardins, nos restaurantes, como simples e indiferenciado cidadão. Nas feiras, em bairros, em espectáculos públicos, nas cerimónias de inauguração das sedes de candidatura, assumindo a condição de candidato.
Adivinha-se a sua chegada: nas feiras, instala-se a agitação em tendas e arruamentos. Nem é preciso, para o sentir, integrar o numeroso grupo de acompanhantes.
Atente-se no ambiente que se respira fora da caravana. Antes e depois.
Os comentários, as conversas, as “bocas” ouvidas, apontam claramente num sentido: Narciso será o futuro Presidente!
Porquê? - Perguntará o leitor ainda meio indeciso. Afinal o que é que Guilherme não tem? Vou tentar explicar.
Nunca poria em causa – até porque nem o conheço - a seriedade pessoal, as qualidades de carácter, ou as capacidades técnicas do Dr. Guilherme Pinto.
Em causa estão qualidades pertencentes a outro plano: a LIDERANÇA e o CARISMA, qualidades essenciais a um perfil político vitorioso.
Enquanto a LIDERANÇA é inapta, o CARISMA é uma qualidade que, em certa medida, pode ser construída ou ajudada a construir.
No caso de Guilherme, não existe ali uma gota de CARISMA, nem é possível achar-se nele uma centelha de LIDERANÇA. Nunca conquistou a base eleitoral do seu partido. Ignoro se, ao tempo, por falta de alternativa séria e, nesta medida, terá sido eleito para preencher um certo vazio político.
Desde o primeiro dia que se sabe tratar-se de um líder frágil e de transição. Um perfil destes não podia, naturalmente, ser portador de qualquer futuro.
Depois, há questão do exercício do poder: há quem diga que, nas contas da autarquia, não diz a verdade.
Os antigos classificavam a mentira como a mais vil das taras morais.
Depois de enumerarem todas as misérias de um perdido, concluíam, quando cabia: “E até mente”.

Sentencia lá isto, ó Aleixo:

“No mundo, bola que gira,
sendo a mentira um defeito,
em nós, dos mais vergonhosos
até parece mentira,
que a mentira tenha feito
ricos, tantos mentirosos”

domingo, 20 de setembro de 2009

O Porto em Braga

Aí está um resultado que não corresponde a 3 pontos conquistados.
Nada que ensombre a brilhante carreira do F.C. Porto esta época em que o “penta” é inevitável, por muitas que sejam as contratações e anseios de alguma inexpressiva concorrência!
Quando chegarmos ao fim da prova – que é quando se fazem as contas – constataremos que, bem poderíamos prescindir mais vezes da vitória, visando a manutenção do interesse competitivo.
Em breve, as goleadas.
A primeira poderá ocorrer já contra o Sporting, no sábado.
A segunda , contra o Atlético de Madrid, na quarta.

O Mito e a Meta

MITO: o Emprego. Que não criam!META: a Eleição dos que prometem o Emprego. E não cumprem!Temos de ser sérios, como dizia – e também não cumpria – Vale e Azevedo!O desemprego combate-se com emprego. Os empregos criam-se com empregadores. Os empregadores criam-se com incentivos. Os incentivos criam-se com expectativas. As expectativas criam-se gerando-se confiança. Há disto por aí? Já tiveram conhecimento de fábricas a instalar, ou de lojas a abrir? Paira no ar a sensação colectiva de indústria a produzir, e de comércio a florescer?Há por aí sinais de crescimento evidente, palpáveis, concretos, firmes, seguros e certos? - Nenhuns!Há por aí sinais de estagnação evidente, palpáveis, concretos, firmes, seguros e certos? - Muitos!Pois, apesar desta evidência, os nossos agentes políticos prometem lutar contra o desemprego. Demagogia pura! O mais que poderiam vir a fazer, se nisso viessem a empenhar-se, seria no plano dos subsídios. Isto é, com as “soluções” que apresentam, no máximo, prolongariam a agonia dos que desesperadamente procuram sobreviver! E, enquanto garantem o combate ao desemprego, anunciam uma panóplia de melhoramentos, em áreas tão diversas como a Administração e Finanças Municipais, Urbanismo e Ordenação do Território, Acessibilidade e Mobilidade; Ambiente, Turismo, Cultura, Educação, Desporto, Ambiente, Juventude, Saúde, Habitação, Solidariedade Social, Segurança e Protecção Civil, tudo a bem do Desenvolvimento Económico e do bem-estar do povo! Santas intenções! Mas, com que dinheiro?E, neste coro desafinado juntam-se agora candidatos a Juntas sortidas, entusiastas e bem intencionados – valha-nos isso - neste cenário de pobreza assegurada, anunciando a construção de Unidades de Saúde, Creches, Escolas e por aí adiante.Santas intenções! Mas, com que dinheiro?Grande parte do investimento necessário teria de ser arrancado ao poder de Lisboa. “Arrancado”, disse bem, assim como quem tira a presa à fera!Neste particular, levamos enorme vantagem ao resto do País.Contamos com um presidente capaz de impor ao Governo de Lisboa as nossas razões. Que sabe esgrimir os nossos argumentos. Que sabe fazer valer os nossos direitos. Que já provou a capacidade reivindicativa que hoje, mais do que nunca, é imperiosa! Que se mostra disponível, para utilizar em benefício colectivo a longa experiência individual. Chama-se Narciso Miranda. Temos de elegê-lo! E vamos consegui-lo!

sábado, 19 de setembro de 2009

A diferença

Só não vê quem não quer. Ou seja, o pior cego!
Prosseguem no terreno as campanhas, cujos efeitos, o tempo, mudamente surdo, se encarregará de revelar.

Hoje, sábado, dia de feiras foi também dia de visitas.
De manhã, Senhora da Hora; de tarde, Custoias.
A manhã foi de Alexandre Lopes – candidato que teve a coragem de se afastar dum compromisso político que o tolhia.
A tarde foi de Narciso – candidato que teve a capacidade de convencer Lopes a livrar-se do erro em que incorria, se mantivesse a sua meritória acção num enquadramento partidário que o povo sabiamente rejeitará a 27 de Setembro!

De manhã, na Senhora da Hora, a comitiva de Guilherme, envergonhada e silenciosa, quase confidencial, era ignorada!
À tarde, em Custoias, a comitiva de Narciso, entusiasta e ruidosa era saudada por feirantes, visitantes e compradores!
(De tarde, por Custoias – é justo dizê-lo - passou também um exíguo grupo de apoiantes do candidato “socialista”).

Ah é verdade: andou por lá também o CDS.
Quem diria?

Um texto de José Modesto

RED BULL AIR RACE Pela terceira vez consecutiva, as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia organizam um evento único.O Red Bull Air Race. Apesar de pertencerem á mesma família politica, as picardias entre ambos é constante, no entanto os dois Edil(s) juntam esforços e patrocinam esta grande prova também apelidada de formula 1 dos ares: O Red Bull Air Race. Nunca é tarde para afirmarmos: A UNIÃO FAZ A FORÇA.E aconteceu… mais uma vez a prova realiza-se no Porto, em Portugal, na nossa sala de visitas do Porto e de Gaia. Sabemos que apesar de alguns desentendimentos os dois autarcas tentam a todo o custo manter a tradição:O S. João do Porto é motivo de união e assim numa noite em que os Portuenses - Gaienses não dormem surge-nos um magnificofogo de artificio que as duas cidades mostram ao país… É bonito assistirmos a essa disputa.Os voos picados, a velocidade alucinante, a perícia dos pilotos fazem do Red Bull Air Race um evento único que os Portugueses agradecem. Lamentavelmente eu não estive presente, não consegui fugir a umas tripas á moda do Porto que a minha esposa me proporcionou.Normalmente eu gosto das tripas no Inverno, no entanto estas apareceram de surpresa e eu não resisti… comi demais e bebi bem.Não consegui ir á garagem, pegar no carro, e ir ver a prova. Em frente ao televisor, fui assistindo á disputa das máquinas voadoras, um espectáculo único e digno de ser ver.Chamou-me a atenção ao painel de Jornalistas que cobriam o evento… muito fraco, como é possível enviarem jornalistasda nossa capital cobrir um evento realizado no norte e ainda por cima não disfarçaram as entrevistas ás meninas do reallity show que normalmente residem na nossa capital, e que desta vez procuraram ainda mais mediatismo aqui no Porto!!! Já agora e que falei das Tripas á moda do Porto, sabemos que existe uma confraria, porque será que a organização da mesmatende a entronizar pessoas que nada têm a ver com o Porto ou as suas tradições?O mesmo acontece com a confraria do Vinho do Porto. Apesar de ser um Regionalista convicto, parece-me importante que os órgãos de comunicação social, nomeadamente a nossa televisão, tenha a percepção de realizar reportagens dando exemplos de imparcialidade e procurando sempre agir de acordo com as localizações das provasas suas gentes os seus actores. A certa altura ouvi um jornalista (penso eu) a afirmar: O Piloto A sai descontente com o Porto!!! Como é possível efectuarem comentários desta ordem. Já o disse várias vezes, o Povo Português, precisa de um abanão, precisamos de profissionais que divulgam o nosso país, as nossas gentes os nossoscostumes, não precisamos de um jornalismo tendencioso que teme em ignorar as suas gentes os seus costumes os seus princípios, e não é com gentemesquinha que se ganham audiências que se vendem revistas cor de rosa, que se prendem pessoas ao ecrã. Bem por hoje termino, estou preocupado é com a futura participação da prova que tudo indica tende a deslocar-se para outrospaíses cujos patrocínios são superiores ao nosso.Acredito que o Bom Senso vai perdurar e que os dois autarcas vão encontrar meios para que a prova continue, afinal assistiram mais de 700.000 pessoas. Saudações Marítimas ---------------------------------------------------José António Terroso Modesto

Abaixo as Portagens. E, quem as quer criar!

Se não houvesse mais razões – e há muitas mais, como se sabe – para apoiarmos a candidatura de Narciso, a questão das portagens com que “eles” querem contemplar o nosso concelho (e mais alguns), por si só já o justificaria.
A intenção já vem de longe.
Os homens do aparelho socialista – os mesmos que afastaram Narciso – andam com esta encasquetada há anos!
E, se Narciso não tivesse outras razões – e tem-nas, como se sabe – para se afastar dos aparelhistas, a questão das portagens, por si só, também o justificaria!

Narciso tem-se revelado nosso aliado, na luta contra a prepotência do governo de Lisboa. Nesta, e noutras matérias.
Como presidente será intransponível!
Com Narciso, as nossas estradas permanecem livres, sem paragens, nem cobranças!

Atenção, porém:
Não confundir a estrutura dirigente “socialista”, com o PS – um partido nobre, lutador, fraterno e, até – imagine-se – amigo!
Porquê?
Porque oferece à causa de Narciso – à nossa causa – muitas razões para lutarmos.
E, muitos dos seus melhores militantes!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Porto em Londres

Fantástico o jogo do Porto na terça-feira em Londres.
Entendamo-nos:
Para os portistas, não existe a palavra “derrota” a não ser convencionalmente!
Pode é haver resultados que não correspondam a 3 pontos conquistados, se o jogo for a pontuar, ou a eliminatória ganha se jogo for a eliminar.
Em Londres aconteceu apenas o primeiro caso!
Deixemo-los poisar!

Rumo à Vitória

Continua imparável o percurso de Narciso, rumo à vitória.
E, consequentemente, à retoma do rumo!
Ontem, mais uma manifestação arrepiante das potencialidades desta candidatura.
Um número incontável de apoiantes vibrou com a sua mensagem.
Uma mensagem de confiança, mas também de aviso; de rigor, mas também de esperança; de paz, mas também de luta; de independência, mas também de solidariedade!
O jantar, em princípio anunciado só para militantes socialistas teve afinal cidadãos de todos os quadrantes, de todas as tendências, de todos os estratos sociais.
Excelente ambiente de entusiasmo e confraternização.
A mensagem de que é possível fazer muito melhor começa a entranhar-se!

Não estou aqui para enganar ninguém!

Neste espaço, cada um é livre de expressar o seu pensamento.
Seja ele contra, a favor, ou a favor do contra.
Mas, não estou aqui para enganar ninguém.
Os textos que aqui vier a colocar (post´s, para os intelectuais) não são isentos. Nem imparciais.

Serão tendenciosos. Declaradamente! Descaradamente! Assumidamente!

Anuncio desde já, que defenderei com todas as forças duas causas:
Uma, a da candidatura de Narciso à Câmara de Matosinhos.
Outra, a do F. C. Porto!

Porquê?
Muito simplesmente, porque entendo que Narciso é o melhor candidato para Matosinhos!
Muito simplesmente, porque entendo que o F. C. Porto é o melhor clube!

Se outros têm o direito de se revelar contra esta candidatura, outros de estarem fartos de ver o F.C. Porto a ganhar tudo e, outros ainda, de não gostarem, nem duma nem doutra causa, eu tenho pelo menos, um direito igual a todos:

Ser adepto do Porto e ser apoiante de Narciso!
Fundamentalista, se quiserem!
Alguma coisa a opor?